Bavlinella faveolata

Acritarcas do Neoproterozóico em Portugal: Bavlinella faveolata, Shepeleva (1962)

O que são?

Bavlinella faveolata, Shepeleva, 1962 pode comparar-se com espécies de cianobactérias actuais da Ordem Pleurocapsales ou, com maior certeza, da Ordem Chroococcales (Palacios, 1989).

O género Bavilinella denominado por Shepeleva (1962) é sinónimo do género Sphaerocongregus Moorman (1974). Segundo este último autor o género inclui três variantes morfológicas distintas:
a) Pequenas células simples esféricas e solitárias de 3 a 5 µm de diâmetro;
b) Células de 5 a 16 µm de diâmetro, individuais ou em cadeias;
c) Massas globosas de 5 a 20 µm de diâmetro, constituídas por subunidades de 0,1 a 2 µm de diâmetro. Bavlinella faveolata, definido por Shepeleva (1962) e Vidal (1976) (=Sphaerocongregus variabilis, Moorman 1974), corresponde a esta última variante.

A espécie Bavlinella faveolata é constituída por células esféricas, com diâmetro que varia entre 5 e 28 µm, com subunidades esféricas entre 0,5 e 3µm. Frequentemente, observa-se uma coroa externa mais densa, sendo o núcleo claro e por vezes colapsado, o que sugere que possuíam um interior oco (Palacios, 1989).

Que tamanho tem?

Constituída por células esféricas, com diâmetro que varia entre 5 e 28 µm, com subunidades esféricas entre 0,5 e 3µm.

Que idade tem?

Tem uma ampla distribuição e tem sido citada em grande parte dos depósitos do Neoproterozóico do Mundo.
Distribuição geográfica:
- Grupo Walden Creek (Tennessee, EUA), Proterozóico Superior
- Formação mineral Fork (Utah, EUA), Proterozóico Superior
- Formação Vampire (Canadá), essencialmente com depósitos lutíticos do Precâmbrico- Câmbrico.
- Formação San Jerónimo (Córdoba, Espanha) e no Olistostroma de Membrillar (Montes de Toledo, Espanha), Proterozóico superior, e na região de Coria (Cáceres, Espanha)
- Grupo das Beiras, do Supergrupo Dúrico – Beirão (“Complexo Xisto -Grauváquico”), idade de Ediacariano Superior. Em Portugal, na região de Monfortinho - Salvaterra do Extremo.

Onde viveu?

Vidal (1976b) cita B. faveolata como um microfóssil dominante de um meio glaciar. Segundo Palacios (1989) a evidência de uma importante glaciação a nível mundial é amplamente reconhecida entre o Vendiano Médio e o Câmbrico Inferior.

Em comparação com os biotas modernas, afetados pela última glaciação, tem-se observado que os primeiros estados de fusão glaciar originam uma alta eutrofização e produtividade. Vários autores defendem que a grande taxa de produtividade está relacionada com a entrada de nutriente provenientes de rochas recém-libertadas pelo gelo, que permitem o desenvolvimento de um grande número de taxa oportunistas assemelhando-se B. faveolata com estes.

A grande abundância de Bavlinella faveolata tem sido explicada por diferentes autores como indicativa de meios que terão experimentado uma eutrofização de águas durante o período glaciar Varangeriano e pós-glaciário Valdainiano. A presença de abundantes fosfatos sedimentares reforça esta hipótese. Segundo Palacios (1989), a alta concentração de matéria orgânica e a presença de fosfatos sedimentares é explicada por dois modelos, o das correntes ascendentes ou das águas estratificadas, sendo o modelo das correntes ascendentes o mais aceite. Este modelo descreve um sistema de correntes ascendentes que promove a entrada contínua de nutrientes (fosfatos e nitratos) a uma comunidade planctónica constituída principalmente por cianobactérias, com desenvolvimento de “booms”. A interrupção do sistema de correntes por causas climáticas origina a morte em massa dos organismos, criando-se nas águas de fundo um meio altamente redutor e favorecendo assim a precipitação de fosfatos sedimentares em leitos de origem biogénica na área de plataforma.

Como viveu?

Espécie claramente marinha planctónica onde as suas características morfológicas as incluem no grupo das cianobactérias. Esta espécie é capaz de fazer “booms” em águas onde terá ocorrido o processo de eutrofização.

Referências

Montenari, M. & Leppig, U. (2003). Die Acritarcha: ihre Klassifikation, Morphologie, Ultrastruktur und paläoökologische/paläogeographische V erbreitung. Disponível online em Setembro de 2015.

Moorman, M. (1974). Microbiota of the Late Proterozoic Hector Formation, southewestern Alberta, Canada. J. Paleont. 48, pp. 524-539.

Palacios Medrano, T. (1989). Microfosiles de pared orgânica del Proterozoico superior (región central de la Península Ibérica). Memorias del Museo Paleontologico de la Universidad de Zaragoza, 3,2, 91pp.

Sequeira, A. J. D. (2011). Microfósseis do Grupo das Beiras (Monfortinho – Salvaterra do Extremo, Beira Baixa, Portugal Central). LNEG – Laboratório Nacional de Geologia e Energia. Disponível online em Outubro de 2011.

Shepeleva, E. D. (1962). Plant? Fóssil of unknown taxonomic position from the deposits of the Bvlinskaya Series i the Volga-Urals oil province. Akedemy Nauk SSSR Doklady (English translation en Earth Science Translation, 1964, 142, 170- 1 pp.

Vidal G. (1976). Late Precambrian microfossils from the Visingsö Beds in Southern Sweden. Fossil Strata 9, 57pp.

Vidal, G. (1976b). Late Precambrian achritarcs from the Eleonore Bay Group and Tillite Group in East Greenland. A preliminary report. Grönlads Geol. Unders. Bull. 362, 53 pp.

Links
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